O INSULTO

Enviado por admin em dom, 04/08/2018 - 10:09
A narrativa mostra como que um incidente banal em que o libanês cristão Toni Hana molhando a sacada do seu apartamento e que de repente espirrando água num mestre de obras o refugiado palestino Salameh que trabalhava na rua, pode se transformar numa questão judicial.

Este é o título do terceiro longa metragem dirigido pelo cineasta libanês Ziad Doueri. O seu filme anterior é de 2012, O ATENTADO e acabou proibido no Líbano. Quem sabe O INSULTO seja uma resposta do cineasta a todos os que boicotaram seu filme anterior. A narrativa mostra como que um incidente banal em que o libanês cristão Toni Hana molhando a sacada do seu apartamento e que de repente espirrando água num mestre de obras o refugiado palestino Salameh que trabalhava na rua, pode se transformar numa questão judicial. Analisando o perfil dessas duas pessoas vamos perceber que ambos carregam dentro de si uma carga emocional gerada por acontecimentos do passado. O mecânico Toni é de uma cidade libanesa que passou por um massacre em 1975, quando centenas de pessoas perderam a vida, enquanto que milhares tiveram que deixar a cidade por conta do ataque de guerrilheiros da Organização pela Libertação da Palestina. Na discussão, Toni provoca o palestino Salmeh afirmando que o premier israelense Ariel Sharon deveria ter eliminado todos os palestinos. O que poderia ser resolvido com um simples pedido de desculpas e um aperto de mão acabou indo parar nas barras do tribunal e chamou a atenção de toda a nação libanesa, exacerbando os ânimos acirrados. Trocando em miúdos, o Líbano continua dividido entre cristãos e muçulmanos ,que já é motivo para inflamar o país, ainda mais quando surge um incidente desses envolvendo dois lados distintos, então os ânimos se acirram. O cineasta Ziad Doueri não tinha a pretensão de fazer um filme político, mas de qualquer maneira não deixou de dar o seu recado no sentido de que com relação a Guerra Civil libanesa, muitos libaneses acreditam ter havido uma cumplicidade palestina.

Uma curiosidade é que o cineasta Ziad Doueri estava se separando da sua esposa Jouelle Touma, mas antes disso os dois se debruçaram sobre o roteiro do filme, sendo que Ziad ficou com o personagem libanês, enquanto que Jouelle ficou com o palestino.

Ao assistir ao filme, impossível não associarmos a divisão que o nosso país enfrenta, bem como o grau de acirramento e ódio das pessoas.

A trilha sonora do filme foi composta pelo francês Éric Neveux que já havia trabalhado com Doueri por ocasião do filme O ATAQUE. Sua trilha sustenta um contraponto interessante com a história contada, não interferindo na narrativa, mas acompanhando o desenrolar dos acontecimentos.

No arquivo de áudio apresentamos a faixa “Reconciliação” uma palavra milagrosa, capaz de curar os males de ódio que afligem os seres humanos.