Há diretores que fazem filmes que os americanos gostam de assistir. Assim como existem diretores que fazem filmes que os americanos evitam assistir. O cineasta Oliver Stone se enquadra na segunda categoria, pois seu recente filme Snowden, Herói ou Traidor deu muito mais trabalho que Platoon, Nixon e JFK. Por um motivo muito simples, segundo o cineasta, os estúdios são controlados por corporações que não concordam com um filme sobre um delator que traiu o país e fugiu para a Rússia. Stone contou que depois de ter longas conversas com Edward Snowden, por quase dois anos, escreveu seu roteiro utilizando um único computador que não estava conectado na internet. Isso por si só explica o trauma gerado por aquela onda de espionagem de dados de populações dos Estados Unidos e muitos outros países, dentre eles o próprio Brasil. Conversas telefônicas, emails, chats, redes sociais, tudo que era mensagem entrava num sistema de captura, cujo pretexto inicial era de proteger os EUA contra o terrorismo. Ocorre que o foco mudou e os interesses passaram a ter conotações estratégicas nas áreas financeiras e comerciais. O filme de Oliver Stone é rigorosamente indispensável para quem não pretende ser manipulado por apenas uma versão do fato, dando conta que tudo partiu de um traidor. Mas o que acontece é que diante de um herói incômodo, muitas vezes o jeito é transformá-lo em traidor. O filme é um contraponto que vai ajudar o espectador a entender perfeitamente bem, porque as coisas acontecem de um determinado jeito e terminam de outro jeito.
A trilha sonora foi composta pelo escocês Craig Armstrong que consegue imprimir um ritmo de robustez sinfônica, que é a marca registrada dos seus trabalhos. Como a narrativa de Stone acaba assumindo um papel de quase documentário, a música de Armstrong pontua justamente essas variações. Um aspecto importante da trilha esta justamente na capacidade de Armstrong em produzir uma trilha que reproduzisse o próprio estado de espírito do personagem central Edward Snowden. Desta maneira ele criou um tema especifico para Snowden, com duas notas que serve para marcar a presença do personagem em cena. Oliver Stone que trabalhou com Geroges Delerue, Ennio Morricone, Ryuichi Sakamoto, John Williams, Vangelis e desta feita vem celebrando uma parceria com Craig Armstrong desde 2006 por ocasião do filme As Torre Gêmeas.