Este é o título do filme do cineasta Martin Scorsese que foi lançado no último dia 17 pela Netflix. O filme O IRLANDÊS é longo com 3 horas e 29 minutos, com Scorsese superando a sua própria marca anterior que era de 3 horas para o filme O LOBO DE WALL STREET. Não se trata de um remake de HOFFA de 1992 dirigido por Danny De Vito com roteiro de David Mamet. Desta vez Scorsese optou pela adaptação do livro de Charles Brandt que de ex-investigador do FBI, passou a escritor e seu livro serviu para que o roteirista Steven Zaillian produzisse o roteiro do filme O IRLANDÊS. Um elenco impecável com Al Pacino interpretando o líder sindical dos caminhoneiros americanos, Jimmy Hoffa. Já Robert De Niro é Frank Sheeran que de veterano de guerra se transforma num frio assassino que aceita encomendas principalmente do seu padrinho, o mafioso Russell Bufalino, um mafioso siciliano que controlou por trinta anos o nordeste da Pensilvânia. Scorsese utilizou uma narrativa circular, ou seja, termina onde começou. Para esclarecer a sinuosa rede de poder da máfia, ele utiliza o personagem Frank Sheeran como o narrador oficial da história. Muito mais que em OS BONS COMPANHEIROS, em O IRLANDÊS, pela frieza dos assassinatos, o cineasta Sam Peckinpah seria capaz de condecorar seu colega Scorsese pelo esmero em mostrar as cenas de violência. Confesso que como um apaixonado por trilhas sonoras, desta vez fui surpreendido por Scorsese, que q exemplo de outros filmes, sempre se encarrega de fazer a seleção de musicas não originais para integrar a trilha sonora de seus filmes, ao melhor estilo do seu colega Woody Allen. Eis que numa determinada cena, identifico a música do brasileiro Valdir Azevedo “Delicado” que se tornou preferida na minha infância. Scorsese fez questão de utilizar justamente a gravação dos anos cinquenta da orquestra de Percy Faith que conseguiu vender mais de 1 milhão de cópias. A seleção de músicas não originais serviu para marcar muito bem a época da narrativa cinematográfica. Apesar da música original ter aguardado 29 minutos para surgir pela primeira vez em cena, vale dizer que a composição de Robbie Robertson serviu para encorpar a produção. Um magnífico solo de gaita transmitindo um sentimento de solidão, mas que de repente abre espaço para o soturno violoncelo, contribuindo para dar uma dimensão musical rigorosamente impecável. Martin Scorsese quando criança queria ser pintor, mas de repente ele começou a desenhar. Como mostrava uma grande fascinação pelo cinema, de repente começou a desenhar cenas do que poderia ser um filme. Hoje Scorsese não desenha mais, mas nos seus filmes uma mistura de pintura e música que continua suscitando fortes emoções.