Este é o título do segundo longa metragem da cineasta Eliza Hitman que também assina o roteiro do filme. Você pode achar o título meio estranho, mas explico que ele reflete as alternativas colocadas num questionário psicossocial que é aplicado em clínicas de aborto na cidade de Nova Iorque. Autumn, uma garota que ao ficar grávida, percebe que a única alternativa que tem seria do aborto. Ocorre na cidade onde mora, no estado da Pensilvânia, o procedimento só ocorre com a autorização dos pais. Com isso ela decide então ir para Nova Iorque onde localiza uma clínica em que ela poderia realizar o procedimento. Autumn em companhia da sua prima Skylar, pega um ônibus com uma bagagem de muita dor, solidão para realizar um procedimento que gera profunda insegurança, o aborto. A cineasta Eliza Hitman deixa no ar quem foi o responsável pela gravidez de Autumn, se fosse um namorado, isso respeitaria uma lógica que praticamente anularia o próprio mistério carregado por Autumn. Ao chegar na clínica de Nova Iorque, ela vai responder um questionário muito bem estruturado que visa sobretudo possibilitar algumas revelações sobre a natureza da gravidez. O constrangimento quanto as respostas do questionário são infinitamente maiores do que as próprias alternativas para as respostas, nunca raramente às vezes e sempre. As perguntas colocadas naquele instrumento psicossocial são respondidas por muitas mulheres ao longo de suas vidas. Este filme ganhou o prêmio do Grande Júri no Festival de Berlim deste ano, enquanto a cineasta Eliza Hartman faturou o prêmio de melhor diretora no respeitado Festival de Cinema Sundance. Apenas um erro de continuísmo, quando a personagem Autumn fura o lado esquerdo nariz para colocar o piercing que aparece do lado direito. Um surpreendente desempenho já em seu primeiro trabalho para o cinema da atriz Sidney Flanigan, que mostra um realismo profundamente pungente. A atriz consegue no seu papel expressar fisionomicamente ao invés de verbalmente, aquilo que se passa no seu interior. NUNCA RARAMENTE ÀS VEZES SEMPRE não é apenas um filme sobre o aborto, é sobre o direito de a mulher manter o seu poder de decisão.