Em 1989 depois de assistir ao filme SEXO, MENTIRA E VIDEOTAPES, não tinha dúvidas de que primeiro, estava assistindo a um filme de um cineasta chamado de Steven Soderbergh que chegava com uma proposta nova. Da mesma maneira que nos primórdios do cinema russo, Dziga Vertov cismou de tirar a câmera do tripé, esse jovem cineasta que foi chamado até de novo Spielberg, estava pronto para surpreender a plateia. Em segundo lugar, pela música do filme, estava mais do que claro que o compositor Cliff Martinez, também estava trazendo uma proposta diferente na estruturação de uma trilha sonora. Claro, deu para sentir que o estilo era minimalista, mas a proposta era de privilegiar percussão e uma sonorização diferente, capaz de embalar o filme, não permitindo que o espectador sentisse a presença da música, isso porque ela estava perfeitamente integrada às cenas. Foi assim que conheci o primeiro trabalho para o cinema do compositor Cliff Martinez. Bateria e teclado, dois instrumentos que foram determinantes no sentido de permitir que Martinez oferecesse às suas trilhas sonoras, uma característica rigorosamente inconfundível, permitindo identificar que aquela trilha era de sua autoria.
Passei então a colecionar as trilhas sonoras de Cliff Martinez e assim como Eduard Artemiev, ele também trazia surpresas agradáveis a cada novo trabalho passando pelo intimista KAFKA, até o mais extrovertido O Inventor de Ilusões e consolidando seu estilo através de Solaris.
Cliff Martinez já arrebatou mais de 15 prêmios em distintos eventos cinematográficos.
Assim como Martinez gosta de brincar com coisas novas, ele também se mantem fiel aos seus instrumentos e sons favoritos.
Na sua juventude quando seus pais o levaram ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e de repente ele se viu impressionado com uma exposição intitulada “Esculturas Para o Som”, aquilo marcou tanto na sua vida que até hoje ao concluir uma trilha sonora, ele tem a certeza de que a estrutura arquitetônica do seu trabalho está para o compositor, assim como a escultura está para o escultor.
Aquele menino do Bronx em Nova Iorque cresceu, amadureceu e continua produzindo bons frutos para a música no cinema. Cliff Martinez neste dia 05 de fevereiro está completando 64 anos, de intensa criatividade musical.