Esta fantástica produção, LAWRENCE DA ARÁBIA, marcou o início da parceria do cineasta inglês David Lean com o compositor francês Maurice Jarre. Eles trabalharam juntos em DOUTOR JIVAGO, A FILHA DE RYAN e PASSAGEM PARA A ÍNDIA. O filme LAWRENCE DA ARABIA rendeu o primeiro Oscar da carreira de Maurice Jarre. O compositor teve uma experiência extremamente extenuante ao trabalhar na trilha sonora de LAWRENCE DA ARÁBIA. A princípio, a ideia era de que três compositores ficassem responsáveis pela trilha, cada um com uma parte da história. De repente, o cineasta David Lean entregou tudo a Jarre que em seis semanas, dormindo duas horas por noite, teve que produzir aquela que pode ser considerada como sua trilha mais apoteótica. A trilha sonora do filme foi estruturada a partir do próprio acompanhamento das filmagens por parte do compositor, que foi construindo o seu trabalho em conformidade com o clima que sentia no próprio set.
Maurice Jarre graduou-se pelo Conservatório de Música de Paris, estudando com a renomada Nadia Boulanger. Detentor de uma característica inconfundível, seus trabalhos ganharam ressonância sendo lembrado por importantes nomes da direção. Ele trabalhou ao longo de uma carreira de 49 anos dedicados à música no cinema, com os mais respeitados cineastas de todos os tempos como David Lean, Luchino Visconti, René Clement, Georges Franju, Henry Verneuil, Peter Weir, Michael Anderson, Elia Kazan, Adrian Lyne e tantos outros importantes nomes. Foram mais de 160 trilhas compostas. Em nenhum momento a sua escala de trabalho foi em ritmo industrial, pois a cada trabalho ele revelava um extremo rigor com a estrutura musical oferecida a cada cena do filme. Esse seu jeito meticuloso e calculado de introduzir a música é que fascinou grandes mestres da direção. Ao longo de sua vitoriosa carreira ele conquistou muitos prêmios, por exemplo, ele obteve nove indicações para concorrer ao Oscar, arrebatando três estatuetas, exatamente com LAWRENCE DA ARÁBIA, DOUTOR JIVAGO E PASSAGEM PARA A ÍNDIA. Maurice Jarre chegou a compor algumas peças clássicas, mas que lamentavelmente as gravações nunca estiveram disponíveis. As suas trilhas são sempre permeadas por um clima erudito, a denunciar a forte formação musical que obteve com Nadia Boulanger. Em 1992, ele regeu a Royal Philarmonic Orchestra no Abbey Road para uma plateia de privilegiados expectadores. Esta apresentação rendeu a gravação de um CD contendo a esmerada programação. Além dos inúmeros prêmios que recebeu pelos trabalhos produzidos para o cinema, Maurice Jarre também foi distinguido com muita honra com a condecoração do título de Oficial da Ordem Nacional da República da França pelo Presidente Francois Mitterand, no ano de 1994.
Ouvindo a trilha sonora de LAWRENCE DA ARÁBIA, a partir da Overture fechando os olhos, imaginamos o palco das ações, já que sua música é extremamente inspiradora. O epílogo merece um ritmo de marcha, que era um gênero que Maurice Jarre conhecia perfeitamente bem, pois em A NOITE DOS GENERAIS, mostrou seu talento.
Maurice Jarre morreu de câncer aos 84 anos, no dia 29 de março de 2009. Sua música continua viva por meio de famosas produções cinematográficas que ficam perpetuadas em nossa lembrança.