Quando o próprio cineasta Christian Schwochow admite que tem medo do racismo, fica claro que um dos propósitos, no mínimo do seu filme, seja de permitir que as pessoas discutam o assunto. O filme de 2021 mostra uma família de Berlim que durante o fluxo de refugiados que tentavam entrar na Alemanha, acaba ajudando um deles. De repente, essa família acaba sendo alvo de um atentado terrorista que mata a esposa de Alex, interpretado pelo ator Milan Peschel, além dos dois filhos menores, para desespero da sua filha Maxi, interpretada por Luna Wedler, que sobreviveu ao ataque. Esse episódio desestabiliza a relação, pai e filha, permitindo qu Maxe, se aproxime do jovem Karl, interpretado por Jannis Niewöhner. Karl é líder de um grupo de extrema-direita, formado por jovens inconformados com a nova realidade europeia a partir da presença de refugiados rejeitando toda a classe politica dirigente, não se sentindo representados por nenhuma instancia de poder. Fragilizada pela perda familiar, Maxe nem percebe que de repente está sendo conduzida a participar de um movimento, que trafegava na contramão de toda a filosofia de vida da sua família. O filme mostra o quanto uma cultura fundamentada no estilo de vida, tem atraído os jovens, que acabam sendo seduzidos por um discurso baseado simplesmente no que gostariam de ouvir e não daquilo que seria possível acontecer. Muitos segmentos políticos se apropriaram daquele discurso de ódio que nasceu com o movimento “Je suis, Charles”. JE SUIS KARL, serve como uma sinalização de um rumo que parte do segmento jovem tem adotado, o que explica determinados sentimentos xenofóbicos e racistas que atingem diferentes nações. Se existe luz no fim do túnel, isso vai depender do rumo escolhido. JE SUIS KARL, a nossa dica cinematográfica disponível na plataforma Netflix.