RELIGIÃO E CINEMA 2

Enviado por admin em sex, 03/30/2018 - 08:52
ederico Fellini por ocasião de seu filme NOITES DE CABÍRIA de 1957, começou a ter problemas com a igreja. Mas de forma hábil Fellini aceitando sugestão de um amigo padre, levou o filme para ser exibido para um cardeal de Genova, que era candidato a Papa e uma pessoa de profunda influência.

Ao falarmos da atuação da Legião Americana de Decência a partir da década de 20, lembramos ainda que neste mesmo período o Papa Pio XI institui a célebre encíclica VIGILANT CURA, dedicada especialmente ao cinema e com um tom eminentemente repressivo. Aliás, conta-se que a inspiração desta encíclica ocorreu a partir do sucesso que católicos e bispos norte-americanos conseguiram junto aos empresários de Hollywood. Com objetivo de agradar a igreja, o gênero épico passou a ganhar espaço no cinema em plena década de 20 com OS DEZ MANDAMENTOS e BEN-HUR, que aliás seriam refilmados mais tarde com grande êxito. OS DEZ MANDAMENTOS de Cecil B. De Mille consagrou um dos efeitos especiais mais espetaculares para a época que foi a abertura do mar Vermelho. Já Ben-Hur até hoje é o mais premiado filme na história do Oscar, com 11 estatuetas e também com uma cena bastante elogiada pelo arrojo com que foi concebida, a corrida de bigas.

A exploração de temas bíblicos rendeu maciços investimentos da indústria cinematográfica como o caso de O MANTO SAGRADO, que custou 5 milhões de dólares a Darry Zanuck e que foi o primeiro filme concebido dentro da tecnologia do cinemascope.

Voltando a questão da encíclica papal de Pio XI, convém destacar que uma das instituições que de forma mais radical e intransigente defendia a tese papel era a Ordem Católica Internacional de Cinema, um órgão consultivo do Vaticano. Através deste órgão eram promovidos debates por católicos em todo o mundo sobre os problemas da cultura cinematográfica. Eram realizadas anualmente jornadas internacionais de estudos, patrocinadas por esta entidade que defendia assim a produção dos tidos “bons filmes” através de grupos de cultura cinematográfica. No cinema italiano, por exemplo, tivemos as figuras de Vittorio De Sica, Roberto Rossellini, Federico Fellini, Pietro Germi, Luchino Visconti e muitos outros que tiveram sérios problemas com o Vaticano. Federico Fellini por ocasião de seu filme NOITES DE CABÍRIA de 1957, começou a ter problemas com a igreja. Mas de forma hábil Fellini aceitando sugestão de um amigo padre, levou o filme para ser exibido para um cardeal de Genova, que era candidato a Papa e uma pessoa de profunda influência. A sessão pré-papal começou exatamente à meia-noite e Fellini julga que o cardeal deve ter dormido e era acordado pelo padre apenas nos momentos em que aparecia a procissão. Fellini com todo a sua veia hilária afirmou que ao final da sessão o cardeal teria dito: “Pobre Cabíria...Devemos fazer alguma coisa por ela”.