É a história de Lizzie, uma mulher atormentada por uma forte perda da filha recém-nascida, por conta de um incêndio na maternidade. Lizzie carrega as marcas físicas da queimadura, que até poderiam ser reparadas cirurgicamente, mas as aquelas incrustadas na sua memória, demandaria muito mais do que uma terapia EMDR. Essa terapia foi criada por uma psicóloga inglesa, Francine Shapiro, consiste numa “Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares”. O cérebro de Lizzie não consegue reprocessar as informações de forma adequada, pois o mesmo foi travado, em decorrência da experiência traumática. A personagem Lizzy vivenciou a dolorosa experiência da perda da filha recém-nascida. O seu nível de dor, acarretado pelas lembranças do passado, impunham à personagem uma dolorosa experiência que foi intensificada a partir do momento em que ela conhece a garotinha Lola. Lizzie constrói por meio da sua própria foto quando criança, idealizando que Lola poderia ser sua filha. Em decorrência dos traumas advindos da perda da filha, o casamento de Lizzie desabou e ela está prestes a perder a guarda do filho Thomas. Lizzie faz terapia, toma medicamentos para aliviar a dor da sua alma, mas nada disso importa a partir do momento em que ela conhece Lola. Como a menina é irmã do colega de escola do seu filho Thomas, ela encontra motivos para se aproximar de Lola. O que inicialmente poderia parecer apenas uma coincidência, começa a ganhar contornos cada vez mais reais com os assédios constantes de Lizzie, que acredita que Lola possa ser a sua filha. Lizzie deixa de tomar os medicamentos, perde o emprego, mas não a esperança de provar que a garotinha Lola possa ser sua filha.
A atriz sueca Noomi Rapace entrou totalmente dentro da personagem Lizzie, de forma a conseguir expressar corporalmente todas as sensações que tomavam conta dela como os medos, as barreiras, mas nada que pudesse provocar a perda do seu objetivo. A cineasta australiana Kim Farrant que na sua infância vivenciou uma experiência traumática após a perda do pai, soube extrair da personagem Lizzie, tudo que pudesse ser transmitido, não só pela fala, mas sobretudo a linguagem corporal. MEU ANJO, um excelente thriller que por ser intenso, causa profundo desconforto ao expectador, principalmente pelo trânsito contínuo da mensagem, que a exemplo de uma ligação telefônica, pode muitas vezes provocar interferências enganadoras, não permitindo prever o desfecho da história. ANJO MEU, filme de 2019, foi o segundo longa metragem da cineasta australiana Kim Farrant.
A trilha sonora de ANJO MEU foi composta pelo músico norte-americano Gabe Noel, que tem a oportunidade de compor pela primeira vez para um longa metragem. A canção tema do filme, My Rose, composta por Gabe Noel tem a interpretação vocal da atriz Annika Whiteley.