O que faz uma grande cineasta é ser detentora de uma sensibilidade de saber identificar quando que um fato pode gerar um bom filme. Foi o que o aconteceu com Icíar Bollaín que até 2012 dividia a função de atriz e também diretora, mas que a partir de então resolveu concentrar todas as suas energias em escrever roteiros e dirigir. No ano passado ela lançou o seu filme A OLIVEIRA, sim estamos falando da árvore que produz azeitonas, cercada de muita mítica desde os gregos, chegando até a Bíblia. A oliveira encontrou em Portugal e parte da Espanha um terreno fértil para se desenvolver. Um fato ocorrido na Espanha, chamou a atenção de Bollaín, é que oliveiras estavam sendo desarraigadas e comercializadas para que se transformassem em mero objeto de decoração tanto em parte da Europa como na própria China. O filme se concentra na história de um octogenário que cuidou durante toda a sua vida de uma oliveira, fazendo com que sua netinha Alma, também nutrisse afeição e interesse pela árvore milenar. Mas um dia, os filhos decidem vender a oliveira permitindo que a mesma fosse transformada em objeto de decoração. A partir do momento em que a oliveira foi desarraigada, parece que a alegria de viver que existia naquele avô deixou de existir e o mesmo emudeceu, como se tivesse desistido da vida. Alma, a neta muito afeiçoada do avô sofre com aquela situação e vê então que talvez a tentativa de reaver a oliveira, talvez pudesse restaurar a alegria de viver ao avô. A narrativa ao mesmo tempo em que procura se pautar como se fosse um conto de fadas, também traz questões da ordem do dia para serem discutidas. Por exemplo, a oliveira, foi adquirida por uma mineradora da Alemanha, que é apresentada na matriz da empresa, como se fosse um belo exemplo de respeito ao meio ambiente. De outra parte, mostra a dura realidade da família de Alma, que trabalha arduamente num aviário. Se por um lado as raízes da oliveira foram arrancadas, é preciso preservar as raízes dos laços afetivos de uma família. A narrativa do filme é valorizada por meio de uma trilha sonora maravilhosa que foi composta pelo francês radicado em San Sebastian, Espanha, Pascal Gaigne.
Nesta produção espanhola dirigida por Icíar Bollaín o destaque para a atuação da atriz Anna Castillo cujas atuações marcantes tem sido através de series televisivas. Anna Castillo pelo seu desempenho no papel de Alma, isso valeu-lhe o Goya de melhor atriz, além do premio de melhor atriz do Circulo de Críticos e Roteiristas de Cinema da Espanha.