O cineasta grego Yorgos Lanthimos não imaginou que pudesse ganhar dinheiro fazendo filmes, justamente pelo fato de que no início de carreira teve que financiar o seu próprio sonho.
Quando de seu filme O LAGOSTA de 2015 ele já evidenciava que estava disposto a apostar num jeito diferente de fazer filmes, nem que isso pudesse até mesmo estabelecer relação com o surrealismo.
No seu novo filme O SACRIFÍCIO DO CERVO SAGRADO, de 2017, que tem no elenco Colin Farrell e Nicole Kidman, ele dá uma demonstração de que o cinema não pode apenas se pautar naquilo que parece real. A cena inicial do filme mostrando uma cirurgia cardíaca vai muito além de mostrar o que pode acontecer com um cardiologista Steven (Colin Farrell) que de repente fica próximo demais do filho de um paciente, que morreu na mesa de cirurgia. A esposa de Steven a médica oftalmologista Ana (Nicole Kidman) começa a perceber uma serie de situações estranhas a partir do momento que o jovem começa a frequentar a sua casa e se aproximar de seus dois filhos.
A câmera procura enquadramentos diferentes, assumindo a posição do espectador e aquilo que ele quer ver. No entanto, a história contada vai permitir que o espectador não se conforme apenas com aquilo que está vendo, mas principalmente o que estaria por trás de toda aquela situação. Nesse sentido, Lanthimos acaba instando os espectadores a pensar se existiria algo sobrenatural de outro mundo. Para quem acredita em maldição existe uma porta aberta no filme, como também a força do pensamento refletindo no aspecto físico.
O SACRIFÍCIO DO CERVO SAGRADO de Lanthimos lembra um preceito filosófico, uma teoria do matemático e filósofo galês Bertrand Russell sobre a filosofia, que ensina a viver com incerteza, sem ser paralisado pela hesitação.
Na trilha sonora o tema principal é a composição de Franz Schubert "Stabat Mater in F minor D 383" com destaque para a participação vocal da soprano Sheila Armstrong.