Muitas vezes o contratempo é uma decorrência de uma conspiração contra o próprio tempo e que leva a acontecimentos inesperados. Foi por exemplo, o que aconteceu com o empresário Dória que vinha de um relacionamento de quatro anos com sua amante e planejava que aquela seria a última aventura do casal. Para abreviar o retorno, contrariou até mesmo o GPS, eis que inadvertidamente quase atropelou um cervo que cruzou a pista, mas que acabou provocando que o carro que vinha na direção oposta ficasse desgovernado e seu motorista ferido mortalmente. Esse o início de uma história que vai ser desdobrada em vários capítulos e que pode culminar na condenação do casal. Mas, quem pode contratar bons advogados, como o caso de Dória, pode contar com um sistema de blindagem, capaz de mudar provas, incriminar inocentes e escapar da justiça. O filme CONTRATEMPO, tem roteiro e direção da grande revelação da Espanha, Oriol Paulo dirigindo o seu terceiro longa-metragem. O filme tem uma atmosfera que lembra ao mesmo tempo Hitchcock e Brian De Palma. O papel do empresário Dória interpretado pelo experiente ator da Galícia, Mario Casas. Mas quem rouba a cena é a expressiva atriz Ana Wagener, que interpreta a advogada que enfrenta o seu derradeiro caso, antes da aposentadoria, ostentando um currículo de nunca ter perdido nenhuma ação. Uma trilha sonora perfeita que foi composta por Fernando Velasquez que ostenta uma discografia de escala industrial pois em 18 anos já tem 89 trilhas no currículo entre curtas, televisão e cinema. Um dos trabalhos mais belos deste compositor foi para o filme de 2007, O Orfanato. Ele repete a dose e por ocasião de CONTRATEMPO, novamente nos brinda com um trabalho exuberante e que cumpre um papel marginal rigorosamente perfeito, pontuando soberbamente as cenas.