Em que pese à semelhança do nome original e gênero cinematográfico da produção de 1962, OS IMPERDOÁVEIS, dirigida por John Huston, os aspectos comuns terminam por aí. O filme de Clint Eastwood mostra um pistoleiro aposentado que se vê forçado a voltar à ativa depois de ser contratado para descobrir o responsável por retalhar o rosto de uma prostituta. Bill Muny é o pistoleiro interpretado por Clint Eastwood que resolve levar um antigo companheiro para a caçada humana, este é Nedd, interpretado por Morgan Freeman. Os dois terão um osso duro de roer pela frente que é o sanguinário xerife Bill Daggett, muito bem interpretado por Gene Hackman.
Depois da montagem da história, cabe então falarmos da trilha sonora. Clint Eastwood, um grande admirador do trabalho de Ennio Morricone, tratou de compor uma melodia soturna para expressar a melancolia e saudade deixada pela esposa de Muny, Claudia. Assim, tema de Claudia é a música principal, já que ela aparece durante o filme em sete oportunidades, todas as vezes com arranjos diferentes. Por falar em arranjo, o compositor Lenny Niehaus, que ficou responsável pelo restante da trilha de OS IMPERDOÁVEIS, recebeu de Eastwood uma espécie de norte quanto ao rumo pretendido na trilha. O resultado é uma trilha instrumental que tem muito mais com o que a cena subentende do que mostra. Lennie Niehaus conhece Eastwood desde o início dos anos 1970, quando estiveram juntos por ocasião do filme UM AGENTE NA CORDA BAMBA, que foi o primeiro trabalho de Niehaus para o cinema. Lennie Niehaus começou a trabalhar no cinema como músico de Jerry Fielding que compôs as trilhas dos filmes estrelados por Clint Eastwood: JOSEY WELLES O FORA DA LEI (1976), ROTA SUICIDA (1977) e FUGA DE ALCATRAZ (1979).
Na condição de um excelente arranjador e também compositor, o maestro Lennie Niehaus conseguiu na trilha sonora de OS IMPERDOÁVEIS imprimir um ritmo musical que se assemelha muito mais ao trabalho de Jerry Fielding em JOSEY WELLES-O FORA DA LEI, do que propriamente o estilo épico mostrado por Dimitri Tiomkin, na produção de 1962, O PASSADO NÃO PERDOA (The Unforgiven).
O filme lembra o estilo de John Ford, que soube tão bem pontuar a caracterização humana, seja no esboço psicológico dos personagens, seja na representação dos microcosmos da sociedade e seus valores espirituais. A música de Niehaus também não deixa de nos remeter aos acordes de OS BRUTOS TAMBÉM AMAM, principalmente no tocante a simbolizar a trajetória solitária de um pistoleiro.
O filme OS IMPERDOÁVEIS foi agraciado com quatro Oscars e dois Globos de Ouro, sendo ainda eleito o filme do ano pelo Círculo dos Críticos de Cinema de Londres. A música de Lennie Niehaus recebeu o prêmio BMI& TV Awards.