A MÚSICA É PERIGOSA

Enviado por admin em dom, 05/26/2019 - 09:05
O compositor Nicola Piovani como um bom vinho italiano com seus taninos influenciando no sabor e longevidade, quanto mais o tempo passa a sua música se mostra cada vez melhor, adaptada a qualquer tempo e lugar.

Esta era a impressão que a música representava para o cineasta Federico Fellini. Segundo ele, a música era capaz de aguçar os instintos mais primitivos e perigosos do homem, sendo que ele se sentia muito frágil diante da música. No programa radiofônico Diálogos Musicais da RAI UNO do dia 10 de janeiro de 1979 Federico Fellini conversava com o compositor Nino Rota, quando então expressou o seu sentimento com relação a música. O compositor Nicola Piovani que conviveu e trabalhou com Federico Fellini nos seus últimos três filmes, teve a oportunidade de perceber o quanto a música mexia com os sentimentos do cineasta Fellini. Foi exatamente por ocasião do filme A ENTREVISTA, Fellini ouviu um solo de Piovani ao piano e ficou extremamente envolvido pela melodia. Foi quando Piovani explicou ao diretor que se tratava de uma música que ele havia composto para um espetáculo teatral. Fellini então falou sobre o quanto aquela música parecia adequada ao que ele pretendia para o seu filme. Mesmo Piovani justificando que a música havia sido utilizada num espetáculo teatral, Fellini insistiu ponderando que de repente a música poderia ser reciclada e reaproveitada. Baseado nessa experiência, Piovani resolveu escrever o livro A Música é Perigosa, inspirada pela célebre frase de Fellini, na verdade ele queria dizer que a música sempre fez parte da sua vida. Desde menino, quando chegava das peladas de futebol, entrava em casa e seu pai estava tocando corneta, ele que era integrante da banda municipal. Na juventude, ele e o irmão Nino vibravam com aquisição de um novo disco de vinil de célebres compositores clássicos e a vitrola da sua casa ficava quente de tanto funcionar. Nicola Piovani foi um aplicado aluno do exigente e conceituado músico grego Manos Hadjidakis, durante o período em que este morou na Itália. Nicola já foi confundido como pseudônimo de Ennio Morricone, nem se incomodou pois afinal confundi-lo com um grande mestre representava até um elogio e reconhecimento. Piovani teve a felicidade de conviver e trabalhar com grandes expoentes da cinematografia italiana como Fellini e Monicelli. Colocou música em filmes de cineastas do mundo inteiro da Argentina a Índia, passando por toda a Europa e Estados Unidos. Depois com os seus concertos levou sua música para as mais distintas regiões do mundo, no ano passado ele esteve na Argentina realizando dois concertos, mas já esteve em dezenas de países. Colecionador de prêmios pelo talento na música no cinema, rendendo até um Oscar pela obra prima de A Vida é Bela.  Da tela do cinema para os palcos do teatro tem mesclado sua música com a literatura e poesia, pois a arte merece sempre o melhor. Nicola Piovani elaborou um espetáculo La Musica È Pericolosa que tem feito sucesso em diversos países saindo da Itália, indo até a Índia, passando pela Argentina e dando um giro pela Europa como Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Hungria, República Checa e outros. Nicola Piovani e o seu quinteto de músicos promovem uma incursão pela sua discografia cinematográfica, destacando as mais importantes trilhas sonoras. Em 2015 quase consegui trazer Nicola Piovani com seu quinteto ao Brasil para se apresentar aqui em Uberlândia. O compositor Nicola Piovani como um bom vinho italiano com seus taninos influenciando no sabor e longevidade, quanto mais o tempo passa a sua música se mostra cada vez melhor, adaptada a qualquer tempo e lugar.