O filme O PIANO narra a trajetória de uma viúva que viaja ate a Nova Zelândia com sua filha para se casar com um fazendeiro que a impede de fazer o que mais gosta tocar piano. O filme possibilitou à cineasta australiana Jane Campion ganhar um Oscar, bem como à Holly Hunter como melhor atriz e à Anna Paquin, aos onze anos, levar um Óscar de melhor atriz coadjuvante. Além desses desempenhos soberbos, não é possível deixar de considerar o peso que a música de Michael Nyman desempenha no contexto da narrativa.
O compositor nasceu em Londres, no dia 23 de março de 1944. Ele sempre foi um profundo estudioso da música e quando decidiu, em 1964, abandonar a composição, isso foi visto com preocupação por parte de todos aqueles que acompanhavam a sua trajetória. Em 1968, ele foi o primeiro músico a utilizar a expressão minimalista, gênero que seria consagrado, principalmente, por Philip Glass. No mesmo ano, começou a trabalhar num programa de rádio da BBC de Londres, e retomou o caminho da composição musical. Michael Nyman, com forte formação erudita que exala em suas composições, notabilizou-se pela parceria com o diretor Peter Greenway, sendo que seu primeiro sucesso em termos de trilhas aconteceu por ocasião do filme O COZINHEIRO, O LADRÃO, A MULHER E O AMANTE.
A essa altura, Nyman já estava se dedicando a apresentações da sua Michael Nyman Band, que funcionava como uma espécie de laboratório musical. Foi, através deste seu exercício, que nasceram composições fortes, sólidas e que contribuíram para a produção de músicas para uma gama bastante variada de conjuntos, orquestras, quartetos, quintetos. Dentre suas obras se destacam até mesmo sinfonias e uma obra para coro de igreja. Inquestionavelmente, a sua parceria mais duradoura e mais profícua no cinema, tem sido com o cineasta Peter Greenaway. O cineasta Neil Jordan também se sentiu atraído pela música de Nyman, tanto que fez questão de contar com o seu concurso em FIM DE CASO, filme estrelado por Ralph Fiennes e Juliane Moore. Uma história de amor, captada pelas cordas da música de Nyman, que entra em nossos corações e mexe com as estruturas da alma.
Em 1999, o compositor Michael Nyman foi convidado pelo cineasta Michael Winterbottom, seu xará e compatriota que, ao ler o roteiro de TERRA MARAVILHOSA, pensou logo em Nyman para a música, o qual produziu uma peça extremamente reflexiva e convincente para os propósitos do filme.
Uma habilidade instintiva bastante aguçada, seu senso de humor, sua imaginação extremamente criativa e diferentemente de outros compositores, nunca se coloca em torres de marfim. Tudo isso faz com que Nyman tenha companheiros fiéis no cinema. Ele é um compositor que gosta de ter a mais absoluta interação com o diretor, aceitando sugestões, aliás, ele sempre estimula esse tipo de participação.
Em 1988, Michael Nyman dá mais uma mostra da sua potencialidade minimalista em AFOGANDO EM NÚMEROS. Em outubro de 2001, o Festival de Roma-Europa dedicou três dias inteiros como homenagem a Michael Nyman e sua música. O programa incluiu peças eruditas e ainda uma audição comemorativa da restauração da estátua de Moisés de Michelangelo, na Igreja de São Pedro. Em 17 de maio de 2002, Michael Nyman participa do London Royal Festival em que executa no Reino Unido pela primeira vez a trilha sonora do filme de Dziga Vertov de 1929.
O compositor Michael Nyman conquistou prêmios importantes pelo seu trabalho musical para O PIANO, como o prêmio da Associação dos Críticos de Cinema de Chicago, Festival de Cinema da Polônia, Círculo dos Críticos de Cinema da Austrália, Instituto de Cinema da Austrália, além de ter sido indicado para o Globo de Ouro e Bafta da Inglaterra.
Não importa se a harmonia é simples, os timbres marcantes é que fazem da trilha sonora de O PIANO, um verdadeiro jorrar de melodias que nos permite entrar na história contada na tela.