O neorrealismo do cinema italiano a partir da segunda metade da década de quarenta, foi marcado por produções de cunho dramático forte, pois representava o saldo desolador da Segunda Guerra. Mas, a partir dos anos sessenta o bom humor italiano marcou época com filmes irreverentes que tratavam da sátira social. O novo cinema italiano procura dosar bem esses dois ingredientes o dramático e o cômico. O filme do cineasta Francesco Amato, lançado em janeiro deste ano, é baseado em fatos reais. Reproduz a história de Elisa Girotto, que grávida de oito meses é diagnosticada com um câncer de mama em estágio avançado incurável. Na vida real, Elisa deixa três cartas ao marido, ao mesmo tempo em que um presente a cada ano, até que a filha completasse dezoito anos. Tal fato não deixa de evidenciar um certo desejo de Elisa de se projetar para um futuro que tinha certeza não viveria na realidade. O cineasta enveredou por um caminho diferente para trabalhar a elaboração do luto. Amato pegou este fato e estruturou um roteiro, baseado num eixo narrativo que se aproxima do filme de 1986 de Francis Cord Coppola, Peggy Sue, seu Passado a Espera. Apenas a magia do cinema seria capaz de permitir uma espécie de quebra do tempo, cujo objetivo foi de que a ideia da perda pudesse ser superada. Em 18 Presentes temos a talentosa Vittoria Puccini vivendo Elisa, enquanto que a revelação Benedetta Porcaroli, interpreta a filha Anna. O recurso articulatório da narrativa utilizado pelo diretor para permitir que a filha, visitasse o passado para conhecer a mãe que havia falecido no dia do seu nascimento, se constitui numa estratégia inteligente, pois a carga dramática é atenuada com pitadas bem humoradas. Impossível não identificar uma certa proximidade com o cinema de Almodovar, focando no universo feminino e contemplando personagens excêntricos. Uma outra habilidade que Francesco Amato revelou, foi no sentido de marcar o impacto da cor na relação com o tempo e o aspecto emocional. O passado mostrado no filme é marcado por um tom pastel. O filme 18 PRESENTES, mostra o processo de transformação de uma menina, que se torna mulher, a partir da consciência do quanto significou a sua projeção no passado vivenciando o encontro que perdeu entre mãe e filha. A trilha sonora do filme 18 PRESENTES foi composta por Andrea Farri.