A música clássica para Morricone tem outra expressão pois é chamada “musica applicata” e ainda de "musica assoluta". Em 1946 Morricone compôs sua primeira peça clássica intitulada “Il Matino Per Piano e Voce”. Tinha início uma escalada cujos trabalhos atravessaram décadas e demonstraram todo o seu vigor no processo de transpiração de trabalhos que iam desde o Prelúdio, passando pela Sonata e desaguando numa Cantata. A sua concorrida agenda com os trabalhos para o cinema, muitas vezes conspiravam contra as composições de “musica assoluta”. Mesmo assim em sua trajetória, os dois anos de maior produção erudita aconteceram em 1952 e 1990. Diferentemente das trilhas sonoras, seus trabalhos no campo erudito a maioria não foi disponibilizada por gravações.
Em 2010 na Arena de Verona, pela primeira vez, tivemos a apresentação de uma composição do campo erudito daquele mesmo ano, que foi oferecida ao público num concerto memorável. Trata-se da peça “Ostinato ricercare per un’immagine”, que aliás também estava no repertório que Morricone ofereceu aos checos no dia 15 de Julho deste ano, quando regeu a Orquestra Nacional Sinfônica Checa. Se por um lado, a produção erudita de Morricone não tem a mesma visibilidade das suas trilhas sonoras, um dia haverão de descobrir que Morricone sempre foi genial com a música universal, pois com ele tanto a bateria como o oboé, o rock como o jazz, eram gêneros que nas suas composições conviviam harmoniosamente.
Em decorrência da sua concorrida agenda de concertos não tem sido possível uma dedicação maior para “la musica assoluta”. Seu trabalho mais recente é de 2015 quando ofereceu uma Missa Para o Papa Francisco.