DESAMOR: O APOGEU DA LONA.

Enviado por admin em sab, 02/03/2018 - 10:09
O filme DESAMOR foi premiado pela Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles, ganhando prêmios nos festivais de Cinema de Londres e Berlim. DESAMOR concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Assim como nos seus primórdios quando o cinema russo se abastecia resgatando historias do dia a dia e da própria literatura, nos dias de hoje não tem sido diferente. O cineasta russo Andrey Zvyagintsev parece ter um certo fascínio pelo âmbito da dinâmica familiar. Por outro lado, isso pode ter relação com a sua própria história de vida, a partir do momento em que seu pai o deixou, quando tinha seis anos e uma mudança contínua de moradia se caracterizava na sua principal mudança de vida. Dentro da própria dinâmica familiar impossível não admitir a própria interferência que uma situação política represente e nesse sentido, o substrato da obra de Zvyagintsev tem sido também a política. Da mesma forma que tratou com extrema competência no filme LEVIATÃ o tema da corrupção, também agora em sua mais recente realização cinematográfica, DESAMOR, ele também não deixa de projetar numa história familiar, um contágio pelo ambiente político da época. O filme DESAMOR é ambientado em 2012, um momento em que havia um clima de esperança no campo político com expectativa de mudanças, que na realidade não aconteceram, já que em 2015 emerge um grande desapontamento com cada cidadão tendo a sensação de estar cercado pelo inimigo.

O filme DESAMOR, fala de um tema mais atual do que nunca. Um casal de classe média em processo de separação, com cada um já projetando um caminho, só que não contemplando a presença do único filho, que a partir desse instante se torna um estorvo que nenhum dos dois pretende carregar. O ambiente familiar permeado pela intolerância e constantes provocações do casal, enquanto não conseguem vender o apartamento onde vivem. O filho é o espectador das contendas e desentendimentos entre os pais e totalmente inseguro quanto ao futuro que o espera. Mas, que futuro?

A narrativa de Zvyagintsev, mostra que ele pertence a histórica escola de cineastas como Tarkovsky, de quem mostra influência, assim como impossível não identificar que também existem traços em sua obra de outros expoentes como Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman.

A trilha sonora composta pela dupla de irmãos Sacha e Evgueni Galperine. Demonstrando muito amor e competência no que fazem, enquanto um trata da linha melódica o outro da parte incidental da trilha. Sacha e Evgueni Galperine num estilo minimalista não se aproxima tanto de Glass, que cuidou das trilhas anteriores dos filmes de Zvyagintsev, mas em determinados momentos lembramos do saudoso polonês Kilar.

A trilha concorre no Festival de Cinema de Moscou. 

O filme DESAMOR foi premiado pela Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles, ganhando prêmios nos festivais de Cinema de Londres e Berlim. DESAMOR concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Assim como no pugilismo, aqueles que são derrotados pelo desamor o único apogeu é a lona.