Em tempos de “fake News” o novo filme do cineasta Steven Spielberg mostra o quanto o povo americano foi enganado por mais de uma década sobre a guerra do Vietnã. Por outro lado, depois do antológico filme de Alan J. Pakula “Todos os Homens do Presidente”, produzir um filme sobre jornalismo poderia parecer uma tarefa inglória. Mas o interessante estava justamente na história a ser contada sobre documentos secretos do Pentágono que apontavam que a realidade sobre a presença americana no Vietnã foi ocultada da população americana. Nas cenas iniciais num acampamento militar americano, nota-se um soldado retornando do front entregando sua metralhadora para o colega que saia na patrulha, enquanto outro entrega o seu capacete, evidenciando que o custo da guerra começava a ser refletido na falta de equipamentos para os soldados.
O filme também ajuda a entender o motivo que levou o Washington Post a continuar lutando contra o presidente Nixon até o escândalo de Watergate.
Uma grande coincidência o filme THE POST: A GUERRA SECRETA chegar não só num momento em que notícias falsas iludem as pessoas, mas que um presidente americano encare uma briga com a imprensa.
Meryl Streep mais uma vez esbanja talento ao interpretar Katherine Graham, a dona do jorna The Washington Post que topou enfrentar o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon. Tom Hanks interpreta o editor do The Washington Post, Ben Bradlee que não se intimidou diante da ameaça de ser preso e lutando pela liberdade de imprensa.
O tempero musical oferecido por John Williams, poderia ensejar que ao perguntar para o espectador, o que ele achou da música, o mesmo responder que nem sentiu a presença dela. Claro, as pessoas não vão ao cinema para ouvir música e quando ela não é percebida pelo espectador, isso é sinal que a música se moldou muito bem ao espectro sonoro do filme.
A estilista Ann Roth é outra que esbanja talento nos figurinos dos personagens em cena.
Claro que o fio condutor da história era justamente a editora do Post, Katherine Graham, por todas as circunstâncias que a levaram assumir um jornal e tomar decisões que poderiam afetar a sua rede de relacionamento, mas sobretudo implicar numa possível prisão. Por tudo isso, entende-se que ao editor Ben Bradlee, muito bem interpretado por Tom Hanks, acabou sobrando um papel de coadjuvante. Se não fosse assim, fatalmente poderia ocorrer uma comparação de desempenhos entre Tom Hanks de The Post e Jason Robards de Todos os Homens do Presidente. Por outro lado, quem sabe se Spielberg tivesse apostado mais na redação do que fora dela, quem sabe a dinâmica do filme também poderia ser outra. Mas também havia necessidade de se mostrar o quanto poderosos interesses estando em jogo, faz com que haja o ardente desejo de controlar a mídia.
O filme mostra que notícias não derrubam governo, o que o derruba são os fatos!